"A Secretaria de Saúde era omissa"

{ Posted on 06:23 by Blog do Flávio Chaves }

O vice-governador, João Lyra (PDT), costuma falar pouco sobre política. Algo natural para quem comanda uma secretaria que exige muito trabalho e pouca conversa. Mas, neste final de ano, ele decidiu falar longamente sobre os três anos de governo e, principalmente, sobre a área de saúde, na qual tenta reestruturar o sistema estadual enfrentando críticas da oposição e das instituições ligadas aos médicos. Lyra faz um balanço positivo da administração Eduardo Campos (PSB) e elogia a capacidade de realização do socialista. Para ele, o avanço mais importante do governo é novo modelo de gestão pública implementado pelo governador, um resultado que eleva Eduardo a uma das principais lideranças nacionais e, segundo ele, a pré-candidato à Presidência da República em 2014. Em entrevista exclusiva de Lyra ao Diario ele responde:

Os resultados da saúde já aparecem?

É uma pasta, se não mais complexa, mais desafiadora. Os resultados já começaram a aparecer. Não quero responsabilizar nenhum governo, mas o grande problema da saúde pública, que vimos a partir do diagnóstico realizado, é que os municípios não cuidaram de suas responsabilidades constitucionais, uns por falta de infraestrutura, outros por falta de recursos, e às vezes, por esses motivos conjugados. A secretaria ficou omissa, não foi solidária, não se integrou aos municípios e não venceu a sua principal missão como gestora estadual, de integrar as políticas federais, estaduais (nós temos a segunda rede do país, só perdemos para o Rio de Janeiro). Fizemos o planejamento para melhorar aqualidade do atendimento, para suprir as lacunas do modelo assistencial que não existia. O sistema está concebido com a atenção básica voltada a resolver de 70% a 75% dos casos, depois a média complexidade, que ocupa de 20% a 25%, e a alta complexidade, que ocupa de 5% a 10%. Como essa hierarquização estava frágil, a população só procurava os hospitais.

Quando a gente conversa com a população em relação ao Hospital Miguel Arraes tem gente que diz: "Eu não dou um ano para virar a Restauração".

É isso que nós não vamos permitir. Porque se ele virar uma Restauração ele perde a sua missão. Eu chamei o Samu e o Corpo de Bombeiros aqui e disse: "Só leva para lá contusões graves, bala, o que tiver de acidente dos 11 municípios, pra ver que demanda é essa". Agora, o que tiver contusão craniana, eles sabem que é Restauração. Daqui a pouco a Restauração vai ficar a mais alta complexidade do sistema, que é a missão dela. Por isso que essa hieraquização do sistema é a grande mudança cultural. Eu vislumbro os passos que a saúde está dando. Porque ela tem planejamento, tem etapas, tem conquistas. Se fizer tudo desorganizadamente, vira o que é hoje. Algumas regiões têm mais oferta de leitos do que a população precisa. Mas o que é que não tem? Não tem "resolutividade". Passou-se o tempo que o prefeito só era eficiente na saúde se ele fizesse um hospital. Hoje ele não quer saber mais disso porque ele sabe que, se fizer um hospital, ele não bota para funcionar porque nem tem os médicos, nem tem o diagnóstico e nem tem paciente em quantidade.

No Response to ""A Secretaria de Saúde era omissa""

Postar um comentário